Pois bem, finalmente, após anos de espera, o Brasil tem o seu primeiro campeão mundial de surfe - Gabriel Medina. Ele é fruto de muito talento, dedicação, apoio familiar e de patrocinadores. E só! Então, por mais que o país reivindique para si esta glória, ela é, acima de tudo, fruto do esforço e abnegação de poucos.
Se temos um Gabriel Medina hoje, não podemos esquecer que este caminho começou a ser pavimentado há mais de três décadas. A estruturação do surf, os campeonatos e circuitos, os atletas que emergiram deste cenário ao longo do tempo e que serviram de inspiração para as novas gerações subsequentes também devem ser reverenciados neste momento.
Parece incrível, mas o nosso campeão emerge numa época de crise, onde verbas públicas, privadas se tornaram escassas para investimento no esporte. Mas o que será do surfe daqui pra frente? O surfe mundial também passa por mudanças radicais, com o WSL (World Surf League) se consolidando como uma nova forma de gestão. Como é tudo muito recente, fica difícil de julgar se teremos uma evolução, ou se o esporte enfrentará dificuldades advindas deste novo formato.
Para o surfe nacional, as coisas parecem estar se encaminhando para um retorno triunfal dos grandes eventos profissionais, já que nos últimos anos a coisa toda degringolou. O tal do "efeito Medina" parece ter reanimado o setor e já existe a possibilidade do ressurgimento do Circuito SUPERSURF, com quatro etapas este ano. Esperamos que isso não fique restrito aos eventos profissionais, pois há anos o surfe amador está padecendo de melhores investimentos. Não podemos esquecer que todo atleta inicia sua carreira em sua associação local, competindo em pequenos eventos que são o criadouro dos futuros campeões. Neste quesito, a FECASURF tem sido uma referência a nível nacional, com o já tradicional circuito catarinense amador.
Em termos de mercado, as pressões e as crises políticas e comerciais, internacionais e nacionais, podem comprometer um pouco a "onda" Medina, transformando ela numa mera marolinha. Mas isso é só especulação. Sejamos otimistas em meio a essa maré de pessimismo que assola o país e o mundo. Afinal, o surfe já mostrou no passado que poderia andar com as próprias pernas.