terça-feira, 17 de maio de 2011

VOCÊ É SURFISTA OU É DO SURFE?


Começando mais uma temporada de pesca da tainha, praias fechadas em sua maioria, e condições climáticas pouco favoráveis à pratica do surfe ultimamente. Pra que trabalha coma fabricação de pranchas de surfe é um período bem difícil, pois as praias ficam vazias e o comércio nas fábricas fica estagnado. Pelo menos aqui na Ilha de Santa Catarina. Mas não deveria ser assim. Por que vinte anos atrás as coisas eram bem melhores? Havia menos fabricantes, tudo bem, mas o contingente de surfistas era muito menor também. Era de se esperar que o mercado das pranchas estivesse muito mais aquecido nos dias de hoje, com a economia estável e o crédito fácil. Nestes mais de trinta anos de praia, eu pude observar uma mudança no perfil do surfista. No passado tínhamos uma galera mais antenada e preocupada em evoluir. Era uma época em que o importante era "ser" surfista. Era um processo linear, onde o passado era só uma referência e as novidades tinham que ser acompanhadas de perto. A galerinha de hoje tem outros valores e o surfe é só mais uma opção de lazer entre tantas outras. Hoje o cara é da "turma do surfe". No passado tínhamos a intenção de pertencer a uma tribo, mas também de nos destacarmos no meio dela. Hoje basta pertencer ao grupo. Além do mais, vivendo na chamada "era da informação", a pulverização de ideias relativas ao design das pranchas e seus acessórios, acabou por criar um público bombardeado por um excessivo número de opções e que acabou por turvar a mente do surfista pós-moderno. Em nome de uma nova ordem no mundo das pranchas, onde cada um poderia encontrar um design específico para suas necessidades, independente da evolução cronológica das pranchas,  o surfista se vê perdido em meio a tantas opções. Quem for mais observador poderá sentar na praia prestando atenção ao verdadeiro pandemônio que virou o mundo do surfe.Nunca se viu tanta gente usando modelos tão variados e, na maioria das vezes, inadequados às necessidades dos usuários. Isso é fruto de uma desinformação geral que vaga pelas praias em geral nos tempos atuais. Nos anos 70 e 80, principalmente, os surfistas conseguiam trocar informações com seus shapers num outro nível, pois eram mais preocupados em saber o que tornava uma prancha diferente das outras. Hoje, o número de surfistas que conseguem traduzir suas expectativas em relação à prancha com o shaper é muito reduzido. Isso, numa época em que a informação está ao alcance de um clique. Antigamente, revistas gringas e filmes de surfe eram disputados como um troféu. E quando alguém conseguia algo novo, aquilo provocava uma verdadeira febre entre a galera. Bons tempos aqueles...

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